Na parte II do texto de Celso Vasconcelos, há um tópico do qual ele fala sobre a alienação do professor enquanto formador social. Ele faz uma comparação entre um professor e um operário; no mundo atual os dois estão tendo as mesmas funções, pois o professor está fazendo apenas um trabalho mecânico e não mais sendo um agente social, formador de opiniões e formando agentes críticos.
Ele chega na sala de aula, despeja o conteúdo para os alunos e volta para a sua casa. Ou seja, ele está ali só cumprindo horário, o que a sociedade impôs a ele. Estão acomodados e alienados de que não podem mudar a realidade do qual vivem. No momento que ele vai dar o assunto, deve-se considerar a realidade do aluno, da escola e a sua própria, e isso vai fazer com que os estudantes ultrapassem os muros da escola e chegue até a sua realidade para ele poder se questionar e assim transformar.
No texto de Vasconcelos, ele fala sobre reflexão, desse modo percebemos que a reflexão é uma ação. Refletir sobre o que iremos explicar e fazer uma programação daquilo, buscar outras formas para explicar o mesmo assunto se chama planejamento. Isso é rejeitado por boa parte dos professores que têm opiniões como "Não é preciso planejar, não é necessário e não funciona". Voltando ao texto, o autor afirma que:
"O 'bom' do trabalho mecânico, repetitivo é que não exige maiores esforços. Fazer um trabalho mais consciente, crítico, criativo, significativo, implica que o professor deve se rever, se capacitar, sai do 'piloto automático', enfrentar conflitos, etc. Se o trabalho do professor está marcado muito fortemente pela alienação, é claro, que não verá o menor sentindo no planejamento."
O professor alienado não vê sentindo em planejar e isso também requer tempo. A sociedade o moldou desse jeito e ele não faz nada para mudar essa situação porque desse jeito pra ele está "bom".
No interior deste contexto, o professor, passa a ser visto como um trabalhador assalariado que realiza um trabalho intelectual. Aqui reside o núcleo da discussão, o paradoxal processo de alienação do educador brasileiro. As reformas educacionais empreendidas pelas autoridades instituídas a partir de 1968 tiveram por objetivo "despolitizar" o ensino e, por conseguinte, o professor. Isso significa dizer que se promoveu uma formação política ditada pelas minorias representadas pelos organismos de governo. O professor da escola pública brasileira desconhece sua função organizativa, é necessário que este adquira a compreensão de seu papel político de intelectual orgânico.
Não há mais a capacidade humana da ação criativa nos professores, capazes de reproduzir uma mesma tarefa por anos. O mundo muda e ele continua naquela estagnação, as falas são de reprodução, dos códigos do senso comum mais conservador.
E ainda há o processo do distanciamento do relacionamento professor-aluno. É comum se ouvir termos referentes a determinados alunos ou turmas como “marginal” “turma incompetente”, “aquele é um caso perdido”. Ou até falas de ironias. Quer dizer, o professor perdeu totalmente aquela função de educador e formador de opinão e agora é apenas um “operário”, um assalariado.
Não há uma identificação de classe na relação professor-aluno, são colocados como “inimigos de sangue”, os docentes individualizam a culpa dos problemas escolares no aluno, sem compreender que ele é um agente importante dentro do processo educativo e que cabe a ele transformar a escola em um espaço de desenvolvimento das potencialidades humanas. Mas como atingir este grau de conscientização quando são cotidianamente iludidos a acreditarem que sua participação no espaço escolar é meramente presencial e não transformadora? Um grande desafio que para o educador sair desse grau tão elevado de alienação requer bastante reflexão do papel dele como ser humano e professor na sociedade.
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